sexta-feira, 31 de julho de 2009

um ano

uma vida e nada mais
uma música e nada mais
um quadro e nada mais
um sorrisso e nada mais
umas palavras e nada mais
um tempo sem fazer nada e nada mais
um quarto e nada mais
um mano e nada mais
uma braçada e nada mais
um amigo e nada mais
uma viagem e nada mais
um sonho e nada mais
um livro e nada mais
mais um ano e nada mais.



Germano Penalva, Inverno, Rio de Janeiro

quarta-feira, 22 de abril de 2009

tempo.com. tempo


A inspiração procurada para escrever nessa folha de papel branca, encontrei.
Em dia de ficar em casa. Em dia de tabula rasa. Em dia de abrir a porta do congelador para tomar mais uma bola de sorvete de creme. Em dia de folga. Em dia de tempestade de pensamentos vazios. Meus, quase todos meus, e que só posso dividi-los com você. Tão meus, quase que nossos. Vossos, troços, grossos, ossos. Palavras.
Inspiração que brota de uma grota de suspiros.
Gosto do gosto dessas palavras que brincam com o som quando são colocadas lado a lado.
Gosto do tempo de paz,
Do tempo de ventos brandos,
Do tempo de calmarias,
Do tempo:
Rápido
Veloz
Que corre
Que escorre como os Relógios
Que passa como os ponteiros do relógio passam. Um só tempo. Tempo de espera, tempo de recomeço, tempo de ir ali e voltar, tempo de despedida, tempo de encontro, tempo para ouvir uma música por apenas um tempo.
Tempo de inasrestranspirar.

Germano Penalva, Outono, Rio de Janeiro

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Escapulário


Quero estar entre seus seios,
Nu.


Contra mau olhado,
Mau agouro,
Olho de Tandera.

Proteção dos seus caminhos
Seguirei seus passos
Contra as mandingas
Desavisadas
Da força que está em você.

Quero ser um samba
Para tirar de você
O mais belo sorriso
Claro como sorriso de nêgo,
Grande como o de nêga.

Nesse carnaval,
Serei multidão,
Pulsando,
Dançando como folião,
Que só quer saber de te amar.

Se no próximo,
Os blocos saírem em outras vias,
Estarei a ouvir
Outra batida,
Mas sem nunca esquecer que um dia
Você tocou
Aqui.

Senhor do Bonfim,
Há de lhe dar proteção.
Santa Barbara,
Há de querer o céu limpo,
Eu,
Há de quer ser seu bem.



Germano Penalva, Outono, Bahia

domingo, 5 de abril de 2009

calmaria de outono

Escrita,
secreta,
discreta,
esmerar-se pelo som,
tom,
poder de ir ao encontro
do outro.

Tempo(Sôpro
de Outono
em meio a calmaria dos ventos.)

Percebo o tombo da folha mesmo quando a cidade lá fora grita.
Quando a voracidade dos automóveis compõe alto.
Inibiu, mais uma vez, a voz da senhora ao reclamar da vida.

Germano Penalva, Outono, Rio de Janeiro

sábado, 4 de abril de 2009

vestido branco

tenho lhe procurado
pelas esquinas dessa cidade
nos lugares prováveis
provados.

achei uma parte
num livro
numa livraria
do leblon.
mas você não estava lá
ineteira
intensa
sempre.

tenho esperado o celular
tocar,
som particular.
com seu cheiro,
como eu sentia,
como eu sabia,
a hora dele tocar.

não.
nada de previsível,
gostava das surpresas.
"Vamos de ônibus?"

tenho saudades do seu cheiro, do seu cabelo molhado, do vestido branco de renda. o vestido branco era do mais alvo e puro branco. branco, leve, lindo. gira no meu pensamento, faz meu coração rodar como rodava o vestido branco ao girar.

tenho acordado pensando em você
sem notícias,
sans nouvelles,
nada de novo, a não ser a saudade que sinto.

sem saber onde estou,
onde vou,
só quero saber quando vou lhe encontrar.
Continuo procurando nas esquinas da vida, dos sonhos,
nas ruas, nas livrarias, nos cafés.
- Volta paz!

Germano Penalva, Outono, Rio de Janeiro

terça-feira, 31 de março de 2009

ABA CATE


Abacate
quando cai
cai forte
cai maduro
no chão
no ponto de comer
com um boa colher de açúcar granulado, refinado, branquinho e doce
ou puro.

Abacate verde
no alto do pé
não cai
desperta
a vontade instantânea
Insana
de comer.

Abacates
diferentemente
dos
tomates
de
tão
verdes
parecem
sempre
verdes.

Os abacates de tão verdes
espelham o brilho do sol
respeitam os dias quentes e os frescos
só caem quando o abacateiro entende que deve soltar
um abacate

m
a
d
u
r



O.

Abacate
verde não dá para comer
abacate maduro
se faz uma boa abacatada.

Desacostumados com os pés de abacate
na cidade
encontramos o abacate empilhado
quando não pedimos uma abacatada pronta.
Precisamos dizer se é com pouco ou muito leite
se é com pouco ou muito açúcar.

Acostumamos a desrespeitar o tempo dos abacates
tiramos com braços mecânicos os abacates antes deles caírem lá do alto
pois mesmo que permaneçam com o mesmo sabor
abacates amassados são vendidos a preço de banana.

Deixem os abacates caírem
deixem os abacates amadurecerem
deixem os abacateiros entenderem que ainda é tempo de abacate.


Germano Penalva, Verão, Rio de Janeiro

CHUVA

Chuva
Chuveu e eu tava dormindo.
Nuvem preta de água limpa.
Caiu.
Relampejou.
Luz na esquina.
Ela ainda não raiou.
Era tarde pra sair de casa.
Mas alagou minha rua.
E a rua tava toda nua pra receber mais um enxurrada.
Chuva nova de água que acabou de ser limpa.
Água nova.
Caiu gota.
Caiu gota.
Caiu gota.


Germano Penalva, Verão, Rio de Janeiro

RIU

Riu

O rio São Francisco
Nasce em Minas
Corta o nordeste ao meio
Meu salvador!
Quero força de marinheiro
Alegria de brasileiro
E a simplicidade do meu amor.

Agora
Sua força separou dois nordestes
Vizinhos de bairro
entre a gávea e o JB
tem uma barreira
que impede de ver o meu amor
o que restou
foram sentimentos de seca
terra seca
gado magro
espinho de palma.
Não posso mas visitar
A pé ou de carro.
Porque esse rio nos separou.

Antes fosse revolto
Antes fosse raivoso
Antes fosse enchente
Antes fosse Tissunami.
Foi córrego.

Germano Penalva, Verão, Rio de Janeiro

Palavra

Palavra
Palavra de educação, licença
Palavra de pedido, por favor
Palavra de sentido, nordeste
Palavra cantada, música
Palavra de amor, te amo
Palavra de parcimônia, cuidado
Palavra de criança, deixa
Palavra de menino, bola
Palavra de menina, boneca
Palavra de agradecimento, obrigado
Palavra de aprendizado, calma
Palavra de sintonia, silêncio
Palavra de saudade, longe
Palavra de força,VÁ!
Palavra falada, sabedoria
Palavra contada, estória
Palavra guardada, segredo
Palavra de confiança, consigo
Palavra de lembrança, retrato
Palavras arrumadas, frase
Palavra oxítona, computador
Palavra paroxítona, menina
Palavra proparoxítona, ética
Palavra de passado, ontem
Palavra de presente, hoje
Palavra esticada, oftalmotorrinolaringologista
Palavra de futuro, paz
Palavra engraçada, marmelada
Palavra de fé, fé
Palavra de segurança, amizade
Palavra final, amém.

Germano Penalva, Outono, Rio de Janeiro

Quem sou eu

soteropolitano. sem sotaque por conveniência. piar solucionou o transitar. sou caruru e vatapá. dias de outono no Rio. dias de sol em Sp. praia da Ribeira. os amigos novos e os velhos que parecem de sempre. tinta óleo, acrílica, pínceis. canetas e papel. palavras. palavras que ainda nem descobri, mas sei que existem. de felicidade, de amanhã. palavras que abrem. palavras que juntam. palavras que voam e as que param...para longe voarem mais. piu.