terça-feira, 31 de março de 2009

ABA CATE


Abacate
quando cai
cai forte
cai maduro
no chão
no ponto de comer
com um boa colher de açúcar granulado, refinado, branquinho e doce
ou puro.

Abacate verde
no alto do pé
não cai
desperta
a vontade instantânea
Insana
de comer.

Abacates
diferentemente
dos
tomates
de
tão
verdes
parecem
sempre
verdes.

Os abacates de tão verdes
espelham o brilho do sol
respeitam os dias quentes e os frescos
só caem quando o abacateiro entende que deve soltar
um abacate

m
a
d
u
r



O.

Abacate
verde não dá para comer
abacate maduro
se faz uma boa abacatada.

Desacostumados com os pés de abacate
na cidade
encontramos o abacate empilhado
quando não pedimos uma abacatada pronta.
Precisamos dizer se é com pouco ou muito leite
se é com pouco ou muito açúcar.

Acostumamos a desrespeitar o tempo dos abacates
tiramos com braços mecânicos os abacates antes deles caírem lá do alto
pois mesmo que permaneçam com o mesmo sabor
abacates amassados são vendidos a preço de banana.

Deixem os abacates caírem
deixem os abacates amadurecerem
deixem os abacateiros entenderem que ainda é tempo de abacate.


Germano Penalva, Verão, Rio de Janeiro

CHUVA

Chuva
Chuveu e eu tava dormindo.
Nuvem preta de água limpa.
Caiu.
Relampejou.
Luz na esquina.
Ela ainda não raiou.
Era tarde pra sair de casa.
Mas alagou minha rua.
E a rua tava toda nua pra receber mais um enxurrada.
Chuva nova de água que acabou de ser limpa.
Água nova.
Caiu gota.
Caiu gota.
Caiu gota.


Germano Penalva, Verão, Rio de Janeiro

RIU

Riu

O rio São Francisco
Nasce em Minas
Corta o nordeste ao meio
Meu salvador!
Quero força de marinheiro
Alegria de brasileiro
E a simplicidade do meu amor.

Agora
Sua força separou dois nordestes
Vizinhos de bairro
entre a gávea e o JB
tem uma barreira
que impede de ver o meu amor
o que restou
foram sentimentos de seca
terra seca
gado magro
espinho de palma.
Não posso mas visitar
A pé ou de carro.
Porque esse rio nos separou.

Antes fosse revolto
Antes fosse raivoso
Antes fosse enchente
Antes fosse Tissunami.
Foi córrego.

Germano Penalva, Verão, Rio de Janeiro

Palavra

Palavra
Palavra de educação, licença
Palavra de pedido, por favor
Palavra de sentido, nordeste
Palavra cantada, música
Palavra de amor, te amo
Palavra de parcimônia, cuidado
Palavra de criança, deixa
Palavra de menino, bola
Palavra de menina, boneca
Palavra de agradecimento, obrigado
Palavra de aprendizado, calma
Palavra de sintonia, silêncio
Palavra de saudade, longe
Palavra de força,VÁ!
Palavra falada, sabedoria
Palavra contada, estória
Palavra guardada, segredo
Palavra de confiança, consigo
Palavra de lembrança, retrato
Palavras arrumadas, frase
Palavra oxítona, computador
Palavra paroxítona, menina
Palavra proparoxítona, ética
Palavra de passado, ontem
Palavra de presente, hoje
Palavra esticada, oftalmotorrinolaringologista
Palavra de futuro, paz
Palavra engraçada, marmelada
Palavra de fé, fé
Palavra de segurança, amizade
Palavra final, amém.

Germano Penalva, Outono, Rio de Janeiro

Quem sou eu

soteropolitano. sem sotaque por conveniência. piar solucionou o transitar. sou caruru e vatapá. dias de outono no Rio. dias de sol em Sp. praia da Ribeira. os amigos novos e os velhos que parecem de sempre. tinta óleo, acrílica, pínceis. canetas e papel. palavras. palavras que ainda nem descobri, mas sei que existem. de felicidade, de amanhã. palavras que abrem. palavras que juntam. palavras que voam e as que param...para longe voarem mais. piu.